A intenção da criação deste blog se fez perante a necessidade de uma discussão séria sobre um dos gêneros mais polêmicos de todos os tempos dentro do metal, o black metal.
Este estilo tem particularidades ideológicas, filosóficas e musicais, que o distinguem de outras vertentes do metal.
Além disso, será debatido os vários subgêneros dentro do Black Metal para buscar compreender o porque destes diferentes rótulos, tais como pagan, atmosferic, NSBM, entre outros.
Por fim, serão postados entrevistas, álbuns e vídeos de bandas relacionadas ao estilo, assim como texto de grandes pensadores que influenciaram o Black Metal como um todo.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Entrevista: Varg Vikernes:


Por Amarildo • fevereiro 28, 2010

O site Metal-Rules.com conduziu recentemente uma entrevista com o mentor do BURZUM, Varg Vikernes, com perguntas sobre “Belus”, o novo álbum da banda, e outros assuntos.
Segue a tradução da entrevista na íntegra.

NOTA: Varg é um assassino confesso, defensor da supremacia branca e possivelmente um incendiador de igrejas. As citações foram traduzidas da fonte citada e não expressam a opinião do site Whiplash! nem de nenhum outro senão a do próprio Varg Vikernes.

Metal-Rules.com: Um bom dia de inverno norueguês para você, Sr. Vikernes! Como vão as coisas por aí, provavelmente há muita neve…

Varg Vikernes: Bom dia para você também. As coisas vão bem na Noruega. Há muita neve, mas é assim que deve ser. Era assim quando eu era uma criança, e eu estou contente de ver o verdadeiro Inverno de volta. Por alguma razão ninguém mais tem falado sobre aquecimento global…

Metal-Rules.com: Depois de 11 anos sem lançar material novo, como você começou a criar as músicas e o conceito geral para o novo álbum, “Belus”? Foi um grande desafio compor grandes melodias e riffs que satisfizessem sua mente?

Varg Vikernes: Na verdade eu estive ativo todo o tempo, até certo ponto pelo menos, então eu nunca precisei retomar qualquer coisa. A música do disco ‘Belus’ foi feita antes, durante e depois de meu encarceramento.

Metal-Rules.com: Com uma base de fãs internacional, eu estou certo de que haverá alguns fãs que devem estar um pouco desapontados com o fato das letras do álbum serem todas em norueguês. Há um motivo para você não haver escrito nenhuma letra em inglês?

Varg Vikernes: Sim, há uma razão; o imperialismo americano. Os romanos exigiram que todo o mundo falasse latim, e os E.U.A., um país moralmente falido, tenta e quer ser o novo Império Romano, e o seu latim é o idioma americano (“inglês”). Eu sei que tenho uma base de fãs internacional, e é por isso que você pode encontrar traduções das letras do álbum para o francês, russo, italiano e possivelmente outras línguas no website burzum.org.

Metal-Rules.com: Como você acha que o novo álbum será recebido pelos fãs do Burzum, tendo em mente que 11 longos anos se passaram desde que seu álbum anterior, “Hlidskjalf”, foi lançado?

Varg Vikernes: Eles parecem gostar [do novo álbum].

Metal-Rules.com: Por que você decidiu não liberar todas as 11 músicas inicialmente planejadas para integrar o álbum “Belus”? As três faixas que ficaram de fora não se ajustavam ao conceito do álbum ou você planeja liberá-las mais tarde em outro lançamento do BURZUM?

Varg Vikernes: O tracklist que você viu não era definitivo. É assim que o processo de fazer álbuns funciona, você faz mudanças o tempo todo até se sentir satisfeito, e então você grava o álbum. Isso é tudo.

Metal-Rules.com: Agora que você tem à sua disposição tecnologias de gravação cujo acesso era sempre limitado ou simplesmente inexistia na prisão, as pessoas podem esperar uma produção para o novo álbum que soe diferente dos álbuns anteriores do Burzum?

Varg Vikernes: A produção está melhor, assim como o som, mas não se diferencia muito dos álbuns de metal lançados anteriormente. Continua soando cru e áspero, exatamente como eu queria que soasse.

Metal-Rules.com: Há algo especial nas letras de “Belus” que você quer que as pessoas percebam e entendam sem provocar suas mentes com metáforas complicadas que você pode ter incluído nos seus textos?

Varg Vikernes: Eu realmente acho que é melhor que as pessoas possam ler as letras e terem suas próprias opiniões a respeito, ou caso não queiram ter uma opinião, que lhes seja permitido ouvir o álbum sem sentir que eu tento forçar goela abaixo um “verdadeiro” significado para as letras. A arte deve ser percebida da forma mais subjetiva possível, se qualquer um quiser ver algo em “Belus” que eu não tinha planejado está tudo bem.

Metal-Rules.com: A arte gráfica dos álbuns do Burzum sempre refletiu sentimentos obscuros, frios, mas também uma beleza que enche os olhos. Qual o processo padrão a partir do qual você escolhe uma arte para a capa e a declara adequada para o BURZUM? Você tem uma certa visão em mente de como a arte de álbum deve ser?

Varg Vikernes: Eu sempre tenho uma certa visão.

Metal-Rules.com: Você ainda é um fã da obra “O Senhor dos Anéis” de J.R.R.Tolkien? Como muitos sabem, seu antigo pseudônimo “Count Grishnackh” provém do Orc Grishnákh. Eu sei que as histórias contadas por Tolkien devem muito às lendas escandinavas, e eu imagino que nisso consiste seu principal interesse, mas como um fã de Tolkien, eu estava um pouco curioso para saber sua opinião e de que forma a obra de Tolkien foi uma inspiração pra você.

Varg Vikernes: Isto pode te desapontar um pouco, mas eu devo confessar que meu interesse por Tolkien decaiu dramaticamente no decorrer dos anos. Suas habilidades lingüísticas são incríveis, suas histórias são ótimas e fascinantes, mas… sua perspectiva era muito Judaico-cristã, e o uso que faz das criaturas míticas é muito… ignorante. Ele até mesmo admitiu isso; quando escreveu o Senhor dos Anéis ele teve que corrigir seu engano de fazer o “hobgoblins” maiores que os “goblins” em seu trabalho anterior. Ele percebeu que na mitologia é o contrário disso que se observa, e assim ele criou os uruk-hai, para ter uma criatura que se assemelhava ao “hobgoblin” de sua obra anterior.

Varg Vikernes: Suas outras criaturas fantásticas, como os anões e os elfos, também são muito, muito diferentes dos anões e elfos da mitologia que ele usou como fonte. Os anões mitológicos (também chamados elfos negros) são habitantes dos túmulos, feios e escuros, enquanto os elfos mitológicos (ou elfos claros, se preferir) são meros espíritos. Os anões são originalmente os corpos dos antepassados mortos, ao passe que os elfos são seus espíritos. É dito que os anões forjaram armas poderosas e outros objetos porque os mortos eram enterrados com os seus pertences, e os vivos entravam em suas tumbas (no Dia das Bruxas) para coletá-los, ou de fato para “tomá-los de volta”, já que eles se viam como os mortos renascidos – e estes objetos lhes pertenciam.

Varg Vikernes: Agora, o mundo de fantasia de Tolkien ainda pode ser fascinante, maravilhoso e bonito, mas não é nada mais que fantasia, e eu prefiro o mundo de fantasia mitológico que o mundo de fantasia moderno de Tolkien. Em linhas gerais é isso.

Varg Vikernes: Ah, e aquele filme hollywoodiano do Senhor dos Anéis foi realmente uma porcaria, uma verdadeira decepção. É o que Hollywood sempre faz, mesmo com as boas histórias…

Metal-Rules.com: Todos os álbuns antigos do BURZUM são tidos como marcos do gênero black metal. Você se sente orgulhoso pelo papel essencial do BURZUM na definição deste gênero do Metal e pela imensa influência do BURZUM sobre bandas mais jovens?

Varg Vikernes: Sim, eu me sinto orgulhoso se o que você diz é verdade.

Metal-Rules.com: Você considerou escrever uma autobiografia para dar sua versão completa da história em suas próprias palavras e acabar de vez com as mentiras e rumores que sempre acompanharam o BURZUM? Entrevistas, seu website, e artigos podem ajudar bastante nisso, mas um livro oficial cobrindo sua vida é algo que os fãs do BURZUM apreciariam bastante!

Varg Vikernes: Talvez, mas nesse momento estou ocupado com outras coisas. Pessoalmente eu gostaria que os artigos publicados no site burzum.org fossem o suficiente… eu gosto de manter algum anonimato e privacidade.

Metal-Rules.com: Após passar tantos anos na prisão, foi estranho estar livre de novo no “lado de fora”? Você se considera um homem verdadeiramente “livre” agora?

Varg Vikernes: Não, na realidade eu não sou livre, nem mesmo no papel. Eu tenho que me apresentar uma vez por mês a um oficial de liberdade condicional, e isto é considerado parte da minha “pena”. Mentalmente e espiritualmente eu fui livre durante todo o tempo, mas agora que as paredes foram trocadas por leis eu ainda continuo sendo fisicamente um prisioneiro. Nós somos todos prisioneiros, e a maioria de nós tem sido desde a introdução da agricultura – em algum ponto na Idade de Pedra…

Metal-Rules.com: Depois de estar afastado da sociedade por 16 anos, avanços modernos como cartões de débito, iPods, mp3s, internet, telefones celular etc te supreenderam? Você sente como se estivesse permanecido em algo como uma urdidura do tempo, tendo “ficado para trás” enquanto a sociedade evoluiu na sua ausência? Houve qualquer outra dificuldade de reintegração?

Varg Vikernes: Estar a 120km por hora numa estrada apenas para descobrir em seguida que a “bem conhecida” estrada à frente foi completamente reconstruída pode ser uma revelação surpreendente, e isto aconteceu algumas vezes. Eu de fato me sinto como um homem de Idade de Pedra em 2010, mas o choque maior para mim é ver como a sociedade se degradou de tantas maneiras. “Liberdade” é atualmente algo ainda mais relativo que antes, e todo o mundo parece estar conformado com isto. Dificilmente há qualquer evolução para se ver em qualquer lugar, eu vejo principalmente degeneração.

Varg Vikernes: Reintegração? Então você considera que eu alguma vez fui uma parte integrada desta sociedade? Eu acho que não. Não mais que um urso em um jardim zoológico, tentando dar o fora…

Metal-Rules.com: Em muitas entrevistas você lamentou a atual situação de sociedade/humanidade moderna. O que está fazendo você para mudá-la ou, na sua perspectiva, salvá-la? A sociedade está perdida em a tal ponto que você não sente mais nada pelos humanos comuns e se tornou impiedoso?

Varg Vikernes: Sim, este barco furado está navegando para o abismo, e eu escolhi pular no mar e nadar para a praia em lugar de tentar convencer a tripulação cega a acorrentar o capitão insano. Os outros homens inteligentes também já pularam no mar, e nós estamos melhores fora do que com esses que vão se afogar quando o barco afundar. Isso é a sobrevivência do mais apto…

Metal-Rules.com: Enquanto o Cristianismo tem sido seu alvo primário, o que você pensa a respeito do Islã? É uma das religiões que mais crescem no mundo e que também tem seus extremistas. De acordo com ALGUMAS estimativas, a população de Europa será 40% muçulmana antes de 2020. Diante desse quadro, o Islã causa os mesmos sentimentos de desprezo?

Varg Vikernes: Islã? Eu não preocupo muito na verdade; nós lidamos com grupos estrangeiros destrutivos em nosso meio antes, e provavelmente assim o faremos novamente. O humor está mudando na Europa, eu observo isso diariamente. Salve Ricardo Coração de Leão!

Metal-Rules.com: O que você achou do recente documentário sobre black metal “Until the light takes us”?

Varg Vikernes: Pelo que me disseram é ok, mas não assisti eu mesmo ainda, então eu realmente não posso falar muito a respeito.


Fonte: http://whiplash.net/

BELUS DOD TRADUÇÃO






Belus' Død

Seidmannen klatrer opp i tre
finner der jords gamle smerte,
kutter den ned i høstens fred,
med saks skjærer ut dets hjerte.

Eikens løv mot bakken faller,
seidmannen åndene kaller!
Eikens løv mot jorden faller,
seidmannen tryllevers traller!

Løken legges i lintøy ned,
hellige eiketreånden.
Seidmannen sikrer verdens fred;
fruktbarhet, solmakt i hånden!

Eikens løv mot bakken faller,
seidmannen åndene kaller!
Eikens løv mot jorden faller,
seidmannen tryllevers traller!

Der er solens brennende kraft;
der er jordens fruktbare hav;
i seidmannens mektige skaft;
i drottens beåndede stav.


A Morte de Belus

O feiticeiro sobe a árvore
encontra a antiga dor da Terra,
corta-a na paz do outono,
com o saxo extirpa seu coração.

As folhas do carvalho caem sobre o chão,
o feiticeiro invoca os espíritos!
As folhas do carvalho caem sobre o chão,
o feiticeiro entoa seus feitiços.

O ramo é colocado em um pano de linho,
o sagrado espírito do carvalho,
o feiticeiro assegurou a paz do mundo,
fertilidade, poder solar em suas mãos!

As folhas do carvalho caem sobre o chão,
o feiticeiro invoca os espíritos!
As folhas do carvalho caem sobre o chão,
o feiticeiro entoa seus feitiços.

Há a força ardente do sol;
há o fértil mar da Terra;
no poderoso cajado do feiticeiro;
no cetro reanimado do rei.

FONTE: http://www.burzum.org/

ALBUM PARA DOWNLOAD: http://www.megaupload.com/?d=90W7FQ7M

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Belus - Burzum



O que dizer hoje, agora sobre o Belus? Sobre o retorno do Burzum? O retorno da “forçada” hibernação, o retorno por detrás das grades materiais porque das grades abstratas seu autor sempre teve ciência dos perigos camuflados e sabe que são bem mais severos. Seu autor, aquele que se chamava Kristian cujo nome fora dado por força maior (família) , porém seu sobrenome é de descendência viking. Tal conflito resultou na “auto-excomunhão” do nome para Varg, Varg Vikernes:



“Getúlio Vargas, que na realidade deveria ter o sobrenome Bueno, já que seu avô paterno assim se chamava, mas que terminou herdando o sobrenome de sua avó, ao assumir pela primeira vez o governo do país, recebeu a visita do Cardeal D. Sebastião Leme. Ele lhe trazia um volume onde havia compilado a árvore genealógica dos Vargas. Desinteressado, Getúlio explicou-lhe que "-se nós, brasileiros, nos aprofundamos muito nessa questão de antepassados vamos terminar, invariavelmente, no mato ou na cozinha".”.

Fonte:


Sim! O nome tem esse peso, as palavras pesam porque são simbólicas e o desorientado pratica esse ato de simbologia sem o devido conhecimento. Do primeiro conhecimento, do conhecimento básico, do auto-conhecimento. Nessa busca Vikernes terminou consequentemente no mato, na sua verdadeira origem e aonde para seu próprio equilíbrio deve permanecer. A história mostra que para chegar a tal equilíbrio ele inevitavelmente teve de ser engaiolado, como “um urso, em um zoológico”. Tudo isso partido de um princípio “pequeno” que não é nada mais nada menos do que honrar suas raízes, na lógica das palavras isso leva a uma: guerreiro. Daqueles que negam a raça como nosso “querido” Getúlio que teve a infelicidade ou não de ter dito aquilo, talvez porque não compreendia o valor do mato e do alimento, o valor da liberdade...







O Burzum já foi vivido, quero dizer que seu lado bestial já foi iluminado, porém ele ainda continua na sombra de uma árvore, como deve ser... Por isso é fato que Burzum e Belus são o que temos de mais próximos da áurea de Varg porque a evidência nas palavras diz que o oculto não é algo a ser explanado, mas sim iluminado cuidadosamente pelo fogo controlado de uma tocha.





Uma viajem sob o Burzum





A face do “espírito perdido e triste” já foi revelada e junto dela oculto nas sombras, oculto na névoa um império poderoso e de natural selvageria extrema, um império de ódio:







            A ordem das artes foi invertida porque o oculto sempre existiu, nas sombras...
            Tudo parecia esclarecido, porém o espírito resolveu caminhar para a selva, de onde surgiu, e assim ele abriu mão de seu corpo físico para caminhar livremente como se voasse. Morreu também com ele aquela arte que praticava, em carne morreu o metal negro, mas nem por isso deixou de existir porque as aparições e revelações também são de ordem natural.
      

      



Assim o Burzum chega ao seu ápice com Hvis Lyset Tar Oss, a luz chega na floresta e revela “Sangue, Fogo, Morte”, causando um giro no seu trajeto porém de forma natural e não de “má consciência” porque a vida e a morte quis assim, o hoje que ficou no passado, na história quis assim.Os vestígios sempre estarão presentes porque são como as marcas de uma cicatriz. Mas algo novo é anunciado aqui, é o começo e o fim do “eterno retorno” Burzum...













segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ocultan - Atombe Unkuluntu



Considerado por muitos como um dos mais atuantes nomes do Black Metal brasileiro, o Ocultan está liberando "Atombe Unkuluntu", agora via Free Mind Records. Este álbum é conceitual e aborda vários aspectos que fazem parte das raízes históricas da Kimbanda, culto tribal africano que encontrou muitos adeptos aqui pelo Brasil.




Sua atual formação traz Count Imperium (voz e bateria), Lady Of Blood (guitarra) e Magnus Hellcaller (baixo), e foi o próprio C. Imperium quem conversou com o Whiplash! para falar mais sobre o novo disco, convicções religiosas e o cenário underground.
Whiplash!: Saudações... O Ocultan está liberando seu sétimo álbum de estúdio, "Atombe Unkuluntu". Qual o significado de seu título e a relação com a ilustração da capa?
C. Imperium:  "Atombe Unkuluntu" traduzido para o português significa "Obscura Soberania". Tanto o nome do álbum quanto algumas frases são pronunciadas em kimbundo, língua que foi criada para facilitar acomunicação entre as tribos pertencentes ao Reino de Angola/Congo e Moçambique.
C. Imperium: A ilustração da capa é uma representação dos antigos cultos de feitiçaria banta, praticados através de rituais que tinham como foco principal a invocação das almas de seus ancestrais, chamados de Tátas, que com o passar dos anos passaram a ser chamados de Exus.


Whiplash!: O vocalista Legacy deixou o Ocultan bem quando estavam gravando "Atombe Unkuluntu", e você, que já exerce a função de baterista, também acabou assumindo o microfone. Apesar de já haver cantado anteriormente, essa posição é definitiva ou há planos para outra pessoa exercer a função de cantor?
C. Imperium: Gostaria de acrescentar que possuo um projeto solo chamado Warhead 666, onde fui o responsável pela execução de todos os instrumentos e vocais. Creio que este fator acabou de certa forma colaborando muito para uma rápida readaptação aos vocais do Ocultan.
C. Imperium: Após várias conversas resolvemos manter a formação em um trio. Já estamos totalmente adaptados com essa formação, sabemos que a banda pode até perder um pouco ao vivo em relação à presença de palco, por ter que tocar a bateria e cantar ao mesmo tempo.
Whiplash!: A guitarrista Lady Of Blood foi a responsável pelas canções do novo disco, que seguem mais detalhadas e cada vez mais técnicas... Considerando que vocês são casados, como é seu dia-a-dia no sentido de fazer parte de uma mesma banda? Ela permite que o marido dê sugestões no momento de compor?
C. Imperium: Esse fator acaba contribuindo muito para que nós dois possamos conversar muito sobre vários assuntos relacionados ao Ocultan. Quanto à parte instrumental da banda, preferimos deixar que cada um faça a sua parte, ela fica responsável pela criação das linhas de guitarras, Magnus pelas linhas de baixo e sou responsável pelos arranjos de vocal, bateria e letras.
Whiplash!: Imperium, você fez um trabalho interessantíssimo ao abordar as raízes históricas do Kimbanda nas letras de "Atombe Unkuluntu". Seu conteúdo traduzido para o português no encarte foi uma iniciativa louvável e há muita história bacana aí! Até onde esses fatos poderiam ter sido distorcidos ou adaptados pela passagem dos séculos?
C. Imperium: Resolvemos traduzir todas as letras do encarte do CD porque queremos que as pessoas possam compreender bem todo seu conteúdo lírico, já que esse álbum é totalmente conceitual e abrange vários aspectos que fazem parte das raízes históricas da kimbanda. A kimbanda é uma forma de culto tribal que sempre teve como base a crença em seus ancestrais, que foram pessoas que um dia viveram neste mesmo mundo que nós e quando partiram tornaram-se entidades mitológicas.
C. Imperium: Quanto aos fatos serem distorcidos e adaptados com a passagem dos séculos, isso é verdadeiro. Infelizmente muitas pessoas criam coisas em suas cabeças, e hoje em dia é muito comum ver pessoas envolvidas com o espiritismo e ocultismo se utilizarem disso, de mentir para manipular as mentes das pessoas.

Whiplash!: As dúvidas acerca de um assunto como o Kimbanda certamente geram muitos preconceitos por aí. O quanto do Satanismo tradicional existe na Kimbanda, afinal?
C. Imperium: Atualmente muitas pessoas afirmam erroneamente que a Kimbanda é um culto satanista. Essa confusão atribui-se à associação da figura de exu com o diabo. A kimbanda e seus exus nada teem haver com esse conceito ridículo criado pelo catolicismo e judaísmo, onde há um deus que luta eternamente contra seu inimigo.
Whiplash!: O Ocultan nunca escondeu o fato de ser adepto deste culto, o que aumenta ainda mais a polêmica. De que forma o envolvimento com o mal - ou energias consideradas negativas - pode ajudar a construir algo que uma comunidade julgue melhor para si?
C. Imperium: Gostaria de deixar claro que o conceito de polaridades, positiva e negativa, não se equivale ao bem e mal. Acho que cada um tem o direito de acreditar ou seguir o que bem entender. A meu ver, qualquer pessoa que se apega a um culto ou religião, acredita que esta sendo ou será beneficiada.
C. Imperium: O maior problema é que as pessoas acham que tudo aquilo que foge do conceito cristão torna-se prejudicial. Todos nós já estamos cansados de saber sobre os podres que rodeiam o Cristianismo. Isso tudo começou na época da inquisição, onde as pessoas eram mortas por não aceitar o Cristianismo. Hoje em dia as coisas mudaram e eles não teem mais o poder de matar as pessoas, mas por outro lado o preconceito, a lavagem cerebral e manipulação das pessoas continuam. Infelizmente a maioria das pessoas prefere fechar seus olhos e acabam caindo nesse jogo de alienação proporcionado pela religião.
C. Imperium: A meu ver o Cristianismo foi e sempre será o único mal já existente.
Whiplash!: Parte do público já teceu muitos comentários depreciativos pelo fato de Lady Of Blood ser uma entusiasta da moda e proprietária da Extreme Art. Até onde iriam os limites entre a música Black Metal e sua preocupação com visual?
C. Imperium: A Extreme Art trata-se de um trabalho profissional voltado a várias vertentes do rock, metal entre outros. É apenas uma forma de trabalho como qualquer outra. Acho que toda banda deve se preocupar com seu visual. Não concordo com o que algumas bandas estão fazendo ultimamente, tocam de bermudas, bonés, camisetas de times de futebol, entre outras coisas que nada tem haver com todo aquele contexto em que o Heavy Metal está envolvido. Acho que as coisas devem ser levadas a sério, e não da forma que estão fazendo hoje em dia.
Whiplash!: Desde “Profanation” o Ocultan passou a alcançar o mercado externo. Existe algum tipo de retorno por parte do público desses países? Afinal, não deixa de ser exótico uma banda de Black Metal ser pró-cultos africanos, não? Como estão as negociações para o lançamento do novo álbum entre os gringos?
C. Imperium: Temos um bom retorno por parte do público externo. Há muitas pessoas de outros países adicionadas em nosso MySpace. No começo da década de 1990, quando começamos a abordar essa temática, era algo extremamente oculto e exótico, as pessoas não tinham a mínima idéia do que era ou representava a Kimbanda. Mas com o passar do tempo as coisas começaram a ficar mais esclarecidas, principalmente quando começou a surgir bandas de outros continentes abordando o assunto. Posso citar o Disciplin, que lançou um CD com uma música chamada "Kimbanda"; o Ancient fez o mesmo, só que a música chamava-se "Exu", e por último tivemos o Jon, líder do Dissection, assumindo mundialmente ser um seguidor da Kimbanda. Só para complementar, as três bandas citadas são nórdicas.
C. Imperium: Quanto ao lançamento para o mercado externo, até o momento não temos nada concreto, estamos apenas em negociação.
Whiplash!: Vocês veem atingindo um patamar cada vez mais elevado a cada lançamento. Atualmente, quais as maiores dificuldades que o Ocultam encontra para mostrar sua música a um público maior?
C. Imperium: Estamos super satisfeitos com tudo que conquistamos até o momento. Sabemos bem quais são os limites de nossa música. O Black Metal nunca foi e nem será um estilo musical de grande popularidade entre os fãs do Heavy Metal. Infelizmente muitas pessoas relacionadas ao mundo do Metal são cristãs e esse fator é crucial para manter essas pessoas cada vez mais distantes de bandas que abordam temas relacionados ao anti-cristianismo.

Whiplash!: Infelizmente, mesmo com a inegável fase criativa na qual nosso underground se encontra, são sempre as mesmas duas ou três bandas que aparentemente são lembradas. Não há reciclagem... Neste sentido, o que poderia ser mudado para melhor?
C. Imperium: Infelizmente, aqui no Brasil existem essas coisas da mídia em geral só valorizar as bandas mais conhecidas ou que seguem a moda, e também podemos citar aquelas bandas que possuem rabo preso com donos de revistas, zines e produtores de shows. Acho que as bandas mais desconhecidas deveriam ter um maior apoio por parte de todos os veículos de divulgação, para que futuramente possam vir a ser mais conhecidas e valorizadas pelo público. Outra coisa que acho super errado é o fato de alguns produtores de shows estarem cobrando dinheiro de bandas menos conhecidas para poder tocar com bandas maiores. Isso é lamentável!
Whiplash!: Uma curiosidade final: como está o projeto paralelo de Lady Of Blood, o Doctors Of Death?
C. Imperium: Momentaneamente está parado. Ela tem pretensões de lançar uma nova promo até o final desse ano.
Whiplash!: Ok pessoal, o Whiplash! agradece pela entrevista e deseja boa sorte ao Ocultan na divulgação de sua Arte. O espaço está aberto para alguma consideração final...
C. Imperium: Gostaria de agradecer a toda equipe do Whiplash! pelo apoio ao nosso trabalho, e a todos aqueles guerreiros que vem nos acompanhando ao longo dessa longa jornada.


Fonte:

Download: