A intenção da criação deste blog se fez perante a necessidade de uma discussão séria sobre um dos gêneros mais polêmicos de todos os tempos dentro do metal, o black metal.
Este estilo tem particularidades ideológicas, filosóficas e musicais, que o distinguem de outras vertentes do metal.
Além disso, será debatido os vários subgêneros dentro do Black Metal para buscar compreender o porque destes diferentes rótulos, tais como pagan, atmosferic, NSBM, entre outros.
Por fim, serão postados entrevistas, álbuns e vídeos de bandas relacionadas ao estilo, assim como texto de grandes pensadores que influenciaram o Black Metal como um todo.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O INNER CIRCLE NORUEGUÊS

Prelúdio – O Inner Circle Revisitado.



O Inner Circle é envolvido de muitas controvérsias, muitas histórias são contadas sobre este movimento que disseminou o caos, a destruição e a valorização de valores anti-cristãos em toda a Negra Noruega.

Morte, igrejas queimadas, prisões, pânico... Parece até enredo para um bom filme de terror, mas o que aconteceu foi real e fez com que o estilo conhecido como Black Metal se tornasse algo além de apenas um estilo musical, e sim um novo modo de se pensar e ver o mundo, sendo o lado Extremista da Obscuridade.


Igreja queimada por integrantes do Inner Circle












Este post procura elucidar este assunto já tão debatido no underground como um todo, então resolvi revisitá-lo, pois sempre uma nova análise de um antigo tema, pode trazer a “luz” de novos debates, conceitos e conclusões.


Indiferente das críticas sobre o movimento (entre elas que ele nem existiu), estou escrevendo sobre ele por acreditar em sua real existência e na sua importante e decisiva contribuição para todo o Black Metal, mostrando que entre todos os estilos dentro do metal, ele é o mais destrutivo, imoral e polêmico que já existiu. Tenham uma boa leitura.


O que era o Inner Circle Norueguês? 

Com o nascimento do polêmico estilo musical conhecido como Heavy Metal no inicio da década de 1970, o mesmo evoluiu e se fragmentou em diversos gêneros e subgêneros, e dentre eles surgiu o Black Metal, talvez o mais radical e polêmico dos subgêneros deste rock pesado.


Alguns nomes de bandas de Black Metal



Numa sociedade ocidental em sua maioria cristã, um estilo musical que prima pelas blasfêmias e heresias em suas músicas brutais teria uma recepção bem negativa até mesmo dentro do metal extremo.

Porém, diferentemente do que faziam as bandas dos anos 70, proclamadas satanistas pelos protetores dos bons costumes ocidentais, as bandas de Black Metal deflagraram a bandeira de Satanás de forma explícita e em algumas vezes de forma terrorista.

Podemos dividir a história do Black Metal em duas fases. A primeira é a fase onde foi forjada a temática Black Metal, numa época em que não existia as sub-divisões do metal extremo. Bandas como Celtic Frost, Venom, Bathory, Slayer, Bulldozer, Sodom, etc. faziam um metal rápido (o speed metal) com letras (até certo ponto inocentes e infantis) de culto ao tinhoso. A segunda fase é representada principalmente por bandas oriundas de países escandinavos (Suécia, Noruega, Finlândia) como Mayhem, Darkthrone, Burzum, Arcturus, Emperor, Gorgoroth, Immortal, Enslaved e Satyricon. É neste cenário que ergue o movimento que ficaria conhecido pela história do Heavy Metal e nas páginas policiais como Inner Circle. 

Venom e Bathory, os maiores nomes da primeira fase do Black Metal



Euronymous

As Origens e a ideologia do Inner Circle.

O jovem Øystein Aarseth, muito interessado em satanismo, no início dos anos 90 abriu uma loja de discos chamada Helvete (inferno em norueguês) na capital norueguesa. O local se tornou com o passar do tempo o ponto de encontro e sede de festas que seus frequentadores se auto-definiram como Inner Circle. O grande orador Øystein Aarseth, assumiu o pseudônimo Euronymous (assim como seu ídolos do speed metal), e com seu poder da oratória o grupo foi se tornando cada vez maior, muitos deles, integrantes e mentores de grandes hordas do Black Metal em volta do seu líder Euronymous. Dentre os frequentadores estavam Faust e Samoth do Emperor e Varg Vikernes do Burzum.



  

Loja Helvete em Oslo, Noruega.Faust - Emperor

















Samoth - Emperor

























Varg Vikernes - Burzum


A ideologia era dividida dentre o grupo e cada um dos principais frequentadores defendiam acirradamente seus ideais. De um lado, Varg Vikernes deflagrava a bandeira da glorificação da força, do guerreiro e da guerra, além de enxergar a violência com uma virtude que são os ideais vikings. Além do ideal violento viking, o movimento Black Metal norueguês considera a idade Viking como um ideal, e o fim da cultura Viking se dá pela romanização e posterior cristianização da Noruega. Assim, a invasão estrangeira que se destruiu a verdadeira cultura norueguesa e substituiu com os costumes inferiores. O norueguês atual, portanto, deve retornar à sua cultura original, rejeitando o estilo de vida moderno, e continuar a guerra contra os cristãos. Por fim, a antiga religião politeísta nórdica era visto como o natural e própria da Noruega, uma religião que se baseia sobre os fenômenos astronômicos e naturais (movimento dos planetas, o ciclo da lua, o ciclo das estações, etc.) que foi destruído e substituído pelo cristianismo como parte da invasão cultural. Portanto, como um símbolo do retorno à idade de ouro dos Vikings eles defendiam o dever de rejeitar e expelir o cristianismo como religião do seu país. 

Muitos, no entanto, só queria erradicar o cristianismo, e como um símbolo se autoproclamaram satanistas, embora eles não tivessem um culto organizado e nenhuma relação com a Igreja de Satã de Anton LaVey . Você pode adicionar que não tinham um ideal político unitário. Euronymous do Mayhem era comunista - Stalinista, enquanto Vikernes do Burzum em meados da década de 1990 chamava-se de Nacional-Socialista, porém, agora refere-se como um nazista e identificou sua ideologia com o Odinismo.



Os Boatos sobre Euronymous.

Euronymous era líder não só do Inner Circle, mas também da banda mais perigosa desta nova geração do Black Metal, o The True Mayhem, ou simplesmente Mayhem. No dia 8 de abril de 1991, o vocalista da banda, Dead (Per Yngve Ohlin), se suicidou com um tiro de doze na cabeça. No bilhete de despedida só pediu desculpas pelo sangue espalhado. 

Euronymous, foi o primeiro a encontrar o corpo do vocalista e antes de chamar a polícia foi até uma loja e comprou uma máquina fotográfica. Uma das fotos tiradas nesta ocasião estampou uma das capas  de um dos discos da banda.  Circulam boatos que de que além das fotos, Euronymous teria retirado partes do crânio para fazer um colar e comido o cérebro do seu vocalista morto. Segundo a lenda, pedaços do crânio do vocalista foram enviados a bandas de black metal consideradas dignas pelo movimento. Evil do Marduk diz ainda ter os pedaços do crânio.

 The True Mayhem com Dead, Hellhammer, Euronymous e Necrobutcher.
O vocalista Dead
 
Imagem do suicídio de Dead, foto tirada por Euronymous em 8 de abril de 1991.

 






Jazigo onde está enterrado Dead.












  



O movimento Inner Circle.



A loja de discos Helvete em Oslo que era de propriedade de Euronymous evoluiu para um selo que lançou várias bandas do estilo no mercado fonográfico e, consequentemente, os clássicos desta segunda fase do Black Metal. O grupo que se reunia para festas na Helvete se tornou uma organização anti-cristã composta de várias pessoas associadas com o movimento Black Metal, cujos objetivos principais eram erradicar o cristianismo da Noruega e lançar bandas do gênero que compartilhavam de sua ideologia . O Inner Circle foi composto por membros das primeiras bandas de Black Metal norueguês como Mayhem, Burzum, Emperor, Darkthrone, Immortal, Enslaved, e por alguns seguidores destes. Muitas bandas foram formadas durante o tempo em que a organização estava ativa no início dos anos 90.


A hegemonia de Euronymous no Inner Circle é desfeita com a entrada do jovem Varg Vikernes no grupo. O grupo foi dividido em dois. Euronymous liderava o Inner Circle satanista e Vikernes liderava o Inner Circle pagão que queria expulsar o cristianismo da Noruega e reaver sua cultura viking. Além disso, o movimento queria controlar todas as bandas norueguesas e se a banda não fosse suficientemente satânica o grupo perseguia a banda. 

Em Julho de 1992, Maria, uma integrante do grupo, atacou a casa de Christofer Johnsson, o líder do Therion. A casa de Johnsson foi incendiada e Maria (Varg depois afirma em entrevista que seu nome real é Suvi Marjatta) ainda cravou uma faca na porta com uma mensagem "O Conde esteve aqui e voltará". Na época, Varg Vikernes usava o pseudônimo de Count Grishnackh). Quatro dias após o incêndio, Johansson recebeu uma carta de Vikernes:


"Olá vítima! É o Count Grishnackh do Burzum. Acabo de voltar de uma pequena viagem à Suécia, mais precisamente em um lugar a noroeste de Estolcolmo e acho que perdi um isqueiro e um disco do Burzum, ha ha! Voltarei muito cedo e talvez, desta vez, não os acordarei no meio da noite. Darei uma lição de medo. Somos realmente muito loucos, os nossos métodos são a morte e a tortura. As nossas vítimas morrerão lentamente, devem morrer lentamente."


Foto atual de Christofer Johnsson, membro fundador da banda Therion, que teve a casa queimada por Suvi Marjatta.




















De acordo com o líder do movimento, eles se definem como um grupo de militantes que lidam com coisas que precisam ser resolvidas. Os atos violentos caracterizaram o grupo que é lembrado até os dias de hoje pelas 52 igrejas que foram incendiadas, pelos 15 000 túmulos profanados e símbolos satânicos pintados por toda a Noruega. Além disso, alguns integrantes queriam sacrificar padres em suas igrejas, mas apenas animais foram sacrificados nas igrejas antes de serem incendiadas.



O fim do movimento Inner Circle.





Em Janeiro de 1993, Varg Vikernes concedeu uma entrevista para um jornalista do Bergens Tidende a fim de divulgar a cena Black Metal e a loja Helvete de Euronymous. A entrevista resultou em uma investigação policial que levou Varg a ser preso por algumas semanas e forçou Euronymous a fechar a sua loja.


Em 10 de Agosto de 1993, Varg Vikernes e Snorre W. Ruch viajaram de Bergen até o apartamento de Euronymous em Oslo. Após uma briga, Varg esfaqueou Euronymous. O corpo foi encontrado na parte de trás do apartamento com 23 facadas, duas na cabeça, cinco no pescoço e dezesseis nas costas. As suspeitas eram de que o assassinato foi cometido após uma briga por dinheiro do álbum do Burzum e Varg declarou que tinha sido atacado primeiro por Euronymous.



 Álbum Aske do Burzum (cinzas em norueguês) suposto motivo pelo desentendimento entre Varg e Euronymous, segundo Varg, ele fez toda a propaganda para o lançamento o álbum e a gravadora de Euronymous (Deathlike Silence) fez uma espécie de "pouco caso' com o lançamento do álbum, atrasando muito seu lançamento, Vikernes chegou a ficar preso um mês por causa desta capa ( imagem da igreja de madeira Fantoft após seu incêndio). Varg Vikernes é suspeito de ter queimado a igreja, e acredita-se também que foi ele mesmo que tirou a foto.
 




Jornal Norueguês da época noticiando a morte de Euronymous.

Jazigo onde esta enterrado Euronymous.


Varg foi condenado a 21 anos de prisão por homicídio em primeiro grau, posse ilegal de armas e explosivos e por ter colocado fogo em três igrejas. Em um julgamento tumultuado, Varg recebeu o veredito rindo e a foto do momento foi estampada em vários jornais. Durante o inquérito, a polícia interrogou todos os membros do Inner Circle, obtendo informações de crimes cometidos no passado, condenando ainda Bård Faust por homicídio, Snorre W. Ruch por cumplicidade no homicídio de Euronymous e Samoth por incêndio. Mesmo com toda pressão da polícia, no dia da sentença duas igrejas foram queimadas e um mês depois outra também foi incendiada.

 Foto emblemática de Vikernes rindo ao saber do seu veredito.



Devido a estas prisões, muitas bandas não puderam dar continuidade a suas carreiras e assim, aos poucos a cena foi desaparecendo. No fim dos anos 90, uma outra onda de bandas norueguesas foram aparecendo lideradas pelo Dimmu Borgir e pelo Old Man's Child com um som menos ríspido e uma inclusão maior de teclados e variações nos vocais. Porém, ainda existem bandas como o 1349, Taake e Tsjuder que seguem os ideais do movimento Inner Circle.

 1349


Hoest - líder da banda Taake.

Tsjuder

Curiosidades e frases ditas na época. 


Esta parte do post, como o próprio título diz, são curiosidades e falas da época, a partir deste momento, a veracidade dos fatos aqui é bem duvidosa, pois como o próprio Varg diz: "Muito do que falo em entrevista é muito distorcido pela Mídia", mas independente de ser a mais pura verdade, ou a mais dolosa mentira, resolvi colocar aqui para curiosidades dos leitores, mas algumas coisas que li aqui, vi em outras fontes mais confiáveis, mas de qualquer modo, fica valendo como efeito informativo, bem vamos ao texto.

Na Noruega, oito igrejas foram incendiadas, e um bombeiro morreu durante um desses incêndios. O culpado: Varg Vikernes, 20 anos (na época), da banda Burzum (A Escuridão), conhecido como Coutn Grishnacht (Conde Noite Cinzenta). Varg foi condenado a 12 anos de prisão, e a polícia centra agora suas investigações no grupo Satanic Terrorists, uma facção do grupo Devil Worshippers (Cultuadores do Demônio) liderada por Euronymous, líder da banda de Black Metal Mayhem. A banda Burzum, da qual Varg é o líder, é uma das bandas mais radicais do Black Metal, tendo se inspirado no som e atitude de grupos como Venom e Bathory, reconhecidos pioneiros do estilo. 

Foi na Noruega que o Black Metal se transformou em ameaça nacional. Com a prisão de Vikernes descobriu-se uma rede de bandas ativamente envolvida em rituais satânicos e vandalismo. Varg “entregou” três bandas norueguesas como formadoras das ações criminosas: O Burzum, Mayhem e Darkthrone, além de duas bandas americanas: Deicide de Glemn Benton e uma banda pouco conhecida chamada VON (que segundo Varg significa “V” de vitória, “O” de orgasmo e “N” de nazista). Obs: O nome da banda é às vezes erroneamente pensado para ser um acrônimo para "Vitória Orgasmo nazista (s)". Varg Vikernes usou essas palavras para soletrar o nome da banda, durante uma entrevista por telefone, porque o entrevistador, aparentemente não ouviu o nome corretamente. De acordo com a banda, o nome significa "nada além de imagens das trevas e sangue". a palavra VON significa esperança em alguns dialetos escandinavos e em norueguês e islandês.


O líder do Deicide, Glen Benton era a figura mais em evidência do Black Metal, e foi acusado de torturar animais, apoiar o sacrifício de crianças, trazer uma cruz invertida estampada na testa e pregar o satanismo. Mesmo assim, parece que Glen usa estes artifícios como jogada de marketing, e não chega a colocar em prática tudo isso. Mas com o clima pesado de acusações, os discos do Deicide foram banidos das prateleiras norueguesas.

A tradição satanista do Heavy Metal e seus estilos derivados sempre provocou a ira dos católicos no mundo inteiro. Ozzy Osbourne e o Judas Priest foram parar nos tribunais, acusados de levar adolescentes ao suicídio. Provaram sua inocência, mas as bandas norueguesas apóiam abertamente o assassinato e o suicídio. Quando o vocalista Dead, do Mayhem morreu em circunstâncias suspeitas, Euronymous foi acusado de fotografar e esquartejar o cadáver do amigo – rumores que ele não nega nem confirma.


“Algumas coisas aconteceram, outras não”. Escrevendo para um fanzine de Black Metal chamado Darkness, o vocalista da banda norueguesa Emperor, Bard Faust, diz: “As bandas velhas falavam de igrejas em chamas – as bandas de hoje põem fogo nelas”!


Euronymous diz que ele e Vikernes ocupam a mesma posição na hierarquia dos Terroristas Satânicos, e que a organização conta com dez membros, que formam o “Círculo Interno” (Inner Circle) e manipulam um grupo de “escravos”, que seriam pouco mais que fãs de Black Metal facilmente impressionáveis. Definem como inimigos aqueles que se opõem à sua crença, e também bandas que se dizem Black Metal mas não seguem o mesmo caminho radical trilhado por eles. “Porque diabos as bandas de Black Metal não querem matar pessoas?”, pergunta Vikernes.
 

Varg está livre pois pagou fiança de duas acusações de incendiário, e declara: “Fui acusado de corrupção de menores, queima de igrejas, alguns assassinatos, posse ilegal de armas...um monte de coisas. Também me acusam de...como direi?...“forçar” pessoas a fazer coisas por mim. Mas só fui condenado como incendiário. Não quero comentar se sou culpado ou não, seria pouco inteligente de minha parte. Tenho um ótimo advogado, por isso estou sob fiança”. Um anúncio do Burzum mostra uma foto dos restos de uma igreja queimada, com o texto: “Hino às igrejas em chamas”, embora ele não concorde que isso seja admitir a culpa. “É como dizer: ‘Faça isso, você também pode fazê-lo’. E assim convertemos as almas dos garotos com nossa música...”.

Há pessoas que querem Varg Vikernes internado num hospício. “Não ficarei preso pois não podem provar nada. Meu maior problema é evitar ser internado numa casa de loucos. Tem muitos idiotas querendo me colocar no hospício. Este é o meu maior problema, o resto não é nada...”.


Vikernes tem uma razão para queimar igrejas. Segundo ele, “...nós apoiamos o cristianismo porque ele oprime o povo, e queimamos igrejas para fortalecê-lo, podendo depois guerreá-lo. O povo não vale nada e é estúpido, não se espera que pense. Espera-se que siga um deus ou um líder. Apóio todas as ditaduras, e me tornarei o ditador da Escandinávia. Sou um viking, nasci para lutar. Faça guerra, não faça amor...certo? Um pouco do espírito viking ainda vive, e sou parte dele. Pessoas estúpidas andam por aí amando umas às outras...Fomos feitos para fazer guerra.”


Sobre assassinato, ele comenta: “A única coisa negativa sobre isso é que quando você mata alguém, essa pessoa não sofre mais. Gostamos que as pessoas sofram, quando as matamos, elas deixam de sofrer. Mas em geral, assassinar alguém é bom e positivo.”


Tanto Varg quanto Euronymous citam o Venom e o Bathory como influências. Mesmo que saibam que nenhuma dessas bandas se envolveu com satanismo na prática, escolheram acreditar assim mesmo no que sua música pregava. “Não sei o que se passava na cabeça dos caras do Venom quando eles surgiram”, diz Euronymous, “mas sei se seis pessoas que morreram mais ou menos diretamente como resultado da existência do Venom. Uma foi a mãe do guitarrista do NME, uma banda americana que lançou em 1985 o disco Unholy Death (Morte Profana). Ele picotou sua mãe a tesouradas por causa do Venom. Espero que os caras do Venom saibam disso. É seu legado.”


O ex-vocalista do Venom, Cronos, nega inteiramente essas acusações. “Quando se fala em satanismo relativo ao Venom, se fala sobre a crença  em si mesmo, em dar-se a liberdade de escolher entre amor e ódio, o bem e o mal” diz Cronos, agora com sua própria banda. “Não se fala sobre enxergar uma divindade. É falar sobre quanto se pode ser melhor. Tudo isso é muito triste. Brigar e matar pessoas é voltar no tempo. Tentar impor suas idéias através da violência – foi o que Hitler fez aos judeus!”.


Euronymous, que tem 25 anos (na época), é o chefão do Black Metal na Noruega. Toca guitarra no Mayhem e tem uma loja de discos chamada Hell. Também controla o selo Deathlike Silence, contratando somente bandas “que representem o mal total”, segundo suas próprias palavras. A morte através de suicídio do vocalista do Mayhem, Dead em 1991, é comentada por Euronymous com frieza. “Dizem que o matamos, tiramos fotos do corpo e usamos pedaços de sua caveira como colares”, admite. “Mas na verdade ele se matou. O Dead era uma pessoa muito especial, nem nós o conhecíamos inteiramente. Ele estava sempre na floresta, e deixou um bilhete dizendo que lá era o seu lugar. Ele acreditava não ser deste mundo. Ele promoveu o Mayhem. Quando se matou, se tornou uma lenda. Não ligo se as pessoas morrem, nem aquelas que conheço. Ele era um grande vocalista, mas vocalistas sempre podem ser substituídos. O que ele fez foi um grande sacrifício, e a banda só ganhou com isso...”.


Embora admita ser membro do Satanic Terrorists, Euronymous nega participação direta nas ações do grupo. “Seria estupidez me envolver diretamente – se eu for pego, todo mundo ‘dança’. Cuido do lado administrativo, e meu selo arrecada o dinheiro. Temos um grupo de militantes que cuida das coisas que devem ser feitas.”


Falando de outras bandas, Euronymous é direto: “Bandas como o Therion se dizem Black Metal, mas pregam o amor e a vida em família e nossa religião diz que é isso que devemos destruir. Não descansaremos enquanto eles não morram ou acabem”. Foi dito que Vikernes pôs fogo na casa de Kristofer, vocalista do Therion, mas a verdade é bem menos dramática. Na verdade teria sido a namorada de Vikernes, Suuvi Puurunen, que espetou um disco do Burzum com uma faca na porta de trás da casa de Kristofer e botou fogo, queimando um pouco a porta. Kristofer estava então na Alemanha. “ Não tenho medo”, diz ele. “O cara mandou a namorada fazer o serviço dele. Quem virá da próxima vez, o seu cachorro?” Os caras do Paradise Lost, banda doom inglesa, também experimentaram a “fúria” dos terroristas satânicos, tendo seu ônibus cercado por seguidores quando em turnê pela Noruega. O vocalista Nick Holmes, do Paradise Lost, disse que “os discípulos tinham dez anos de idade em media, ‘fuckin’ embriões!” Sobre o Deicide, Euronymous tem uma opinião curiosa: “Eles são bem comerciais, e isso fará com que mais pessoas se interessem por Black Metal. Quando seus fãs se encherem deles, virão a nós.”


Ele afirma que seu companheiro de “fé” Vikernes não irá para a cadeia: “Eles não têm provas nem testemunhas, pois ninguém ousa servir como testemunha. Se alguém foder algum dos nossos, terá o resto de nós em seu pescoço: “Vikernes tira um sarro: “Não há nada como violência insana. Sair pela rua e chutar alguém é estimulante. Sempre que saio levo armas comigo; agora por exemplo tenho aqui um soco inglês e uma grande faca. Ninguém ousa me atacar, e se o fizer, morre”.


Euronymous avisa que bandas viajando pela Noruega correrão sérios riscos no futuro: “Não somos nada mais que escravos do chifrudo, somos religiosos e a total obediência é um conceito fundamental para nós. Sou um grão de areia nos cosmos comparado a Ele. O que acontecer a nós não importa. Se eu tivesse um bom motivo para matar, ficaria preso por vinte anos com prazer. É por isso que nossos inimigos devem levar-nos a sério. Não temos nada a perder. Prevejo uma nova Era das Trevas...”.


Essa Era das Trevas já existe no Norte da Europa. Países gelados como a Noruega, Finlândia e outros países nórdicos são o cenário ideal para este tipo de atitude. Não há inflação, corrupção, menores abandonados, fome.


Duas facadas na cabeça, cinco no pescoço e dezesseis nas costas. Uma carnificina. A sala do apartamento de Oysten Asrseth – vulgo Euronymous – estava banhada em sangue. Levando a cabo suas crenças, Varg Vikernes – vulgo Count Grishnachk – assassinou seu rival em  Oslo, Noruega, no dia 10 de agosto de 1993. Euronymous era dono da gravadora Deathlike Silence e de uma loja de discos, Helvete, além de líder da banda Mayhem e chefão do Inner Circle, grupo que professa o satanismo. A seqüência do crime foi contada pelo assassino na corte, como segue: “Fui para Oslo pegar uns discos  e levar um contrato para o Aarseth, nunca com a intenção de mata-lo. Eu sempre levo armas comigo. Tinha três facas e mais quatro punhais, um machado, uma baioneta e um taco de beisebol no carro. Sempre carrego um monte de armas para o caso de algo acontecer”.

Com Varg viajou um elemento de 22 anos chamado Snorre, que teria falado com Aarseth a respeito de sua entrada no Mayhem. Snorre não esta armado.

“Toquei a campainha”, continua Varg, “e Aarseth abriu a porta. Parecia cansado, vestia apenas uma cueca. Entreguei o contrato e, de repente começamos a discutir. Entre outras coisas, ele me acusava de dizer merdas sem sentido. Começou a bater em mim. Os covardes ameaçam, os fortes agem. Ele chutou meu peito. Me assustei e o empurrei. Quando se levantou, Aarseth começou a correr pela cozinha. Tenho certeza de que procurava uma faca, então peguei uma das minhas e o esfaqueei para que ele não chegasse até a cozinha. Gritou por socorro. Fiquei louco. Ele correu para a entrada da casa e eu fui atrás. Continuei a esfaqueá-lo para que calasse a boca. Meti a faca nele porque estava com raiva. Ele gritava por socorro ao invés de lutar”.


Sabe-se que a briga entre Varg e Euronymous diz respeito ao lançamento de Aske, um mini-EP do Burzum, pelo selo de Aarseth. Conta Varg: “Quando o EP foi lançado, eu dei uma entrevista com o propósito de promover o disco. O resultado disso foi que acabei sendo preso pelo incêndio das igrejas. Quando saí da cadeia, Aarseth ainda não tinha lançado o EP. Ou seja, toda publicidade foi inútil”.


Ainda na corte, Vikernes continuou seu depoimento: “Sou um nacionalista e carrego armas para defender a mim e ao meu país. Meu objetivo é um lindo reino norueguês. Temos pele branca, somos loiros e de olhos azuis; os que não são assim não pertencem a este lugar. Somos semideuses”.


Ainda sobre os depoimentos, o acusado de cumplicidade, Snorre, declarou: “Ele (Vikernes) falava muito em matar o Aarseth. Um dos planos dele era dar uma machadada assim que ele abrisse a porta. Eu disse que era estupidez andar com um machado numa área tão cheia de prédios. Outra alternativa era pedir para que ele nos mostrasse algo no computador. Poderíamos golpeá-lo no pescoço enquanto estivesse sentado e de costas para nós.” Ele ainda declarou: “Aarseth merecia morrer.” E Varg completa: “Eu mijo na sua cova.


Snorre continua seu testemunho: “Estava no carro e após alguns minutos me dirigi à porta do apartamento. Cheguei mais perto, ouvi barulhos lá dentro. De repente, a porta se abriu e Aarseth veio correndo em minha direção. Vi sangue na sala e também Vikernes esfaqueando-o. Então, ambos desapareceram pela escada. Depois de alguns segundos e sem saber o que fazer, corri escada abaixo, passei por eles e saí pela rua. Saímos de Oslo e paramos no lago Opplan, onde Varg tomou banho nu. Ele pegou suas roupas sujas de sangue, amarrou-as numa pedra e atirou tudo na água. No caminho, Varg disse que o atingira na cabeça, no pescoço e nas costas, só que errou a jugular. Disse ainda que era desonroso para um líder da comunidade Black Metal ter morrido de cueca.”


Vikernes concedeu uma entrevista a um jornal norueguês certa vez. Declarou ter o apoio da organização racista norte-americana Ku Klux Klan (KKK), e o da Igreja de Satã francesa. Na mesma ocasião, declarou ser o filho de Satã.


“A verdade é óbvia. Querendo ou não, todos os noruegueses são filhos de Satã. Não sou um satanista que acredita numa imagem do Demônio. Não sou um adorador do Demônio. Não sou racista, pois não odeio outras raças. Amo minha raça e quero mantê-la como é. Outros povos devem ficar aonde estão para não haver mistura de culturas.”


Ele também discorreu sobre o Inner Circle, onde ele e Aarseth eram figuras proeminentes.

“Há satanistas comuns que falam que são a elite. Os nazistas falam que são uma raça da elite. Nós somos a elite da elite das raças. Logo, podemos colaborar com os nazistas e satanistas. A modéstia é uma virtude cristã. Nós vemos a honestidade entre nós como algo importante. Podemos mentir para os cristãos porque aí criaríamos o caos.”


Enquanto está sob custódia da polícia, Vikernes escreve um livro chamado ‘Vargsmal’.

“Vivo e respiro para controlar a propaganda fora dos muros da prisão. Quero influenciar e controlar a juventude antes que sofra lavagem cerebral. Eu considero uma blasfêmia construir igrejas no solo de Odin (antigo Deus nórdico). A Noruega é o solo de Odin. Os que nela constroem igrejas são os criminosos, não quem as queima.”


“Sou um cara feliz e sociável. Quando o tempo está bom, sento em minha cela e tomo sol pela janela. As pessoas na prisão são legais. Não sou obcecado pela escuridão, como diz a imprensa. Pintei meu cabelo de preto apenas para mudar o visual; jamais vou pintá-lo de novo. Tenho orgulho de meu cabelo loiro, meus olhos azuis e minha pele branca. E pretendo manter meu cabelo comprido porque os chefes vikings tinham cabelos longos.”


Ainda no tribunal, Vikernes (cabelos presos em rabo-de-cavalo), declarou: “Junto de grupos nazistas, nós, do Inner Circle, planejávamos um ataque a uma igreja durante a missa de domingo. Explodiríamos a igreja com as pessoas dentro.”


E o julgamento continua: se condenado, Varg pega 31 anos. Bard Eithun – vulgo Faust – da banda Emperor, pegou 14 anos pela morte de um homossexual.

No tribunal que julga Varg, será lido um relatório de 50 páginas sobre seu estado mental, escrito por dois psicólogos que o entrevistaram na prisão.

Considerações finais - Nota de suicídio de Dead.

 



Pelle's suicide note :

Excuse all the blood, but I have slit my wrists and neck.
It was the intention that I would die in the woods so that it would take a few days before I was possibly found.
I belong in the woods and have always done so.
No one will understand the reason for this anyway.
To give some semblance of an explanation I'm not a human, this is just a dream and soon I will awake.
It was too cold and the blood was coagulating all the time, plus my new knife is too dull.
If I don't succeed dying to the knife I will blow all the shit out of my skull.
Yet I do not know.
I left all my lyrics by "let the good times roll" - plus the rest of my money.
Whoever finds it gets the fucking thing.
As a last solution may I present "Life Eternal".
Do whatever you want with the fucking thing. / Pelle

Nota de suicídio de Pelle:

Desculpe-me por todo o sangue,  mas eu cortei meus pulsos e o pescoço.
Eu tinha a intenção de querer morrer na floresta de modo que levaria alguns dias para eu ser encontrado.
Eu pertenço a floresta e sempre tenho feito isso.
Ninguém vai entender a razão para eu ter feito isso.
Para dar uma aparente explicação, eu não sou humano, sou apenas um sonho e logo vou acordar.
Está muito frio e o sangue esta coagulando o tempo todo, pois a minha nova faca é muito lenta.
Se eu não conseguir morrer com esta faca eu vou explodir toda esta merda para fora do meu crânio.
Mesmo assim, eu não sei.
Se Deixo todas as minhas letras de música para "registros de bons tempos" - mais o resto de meu dinheiro.
Para quem encontrar, para que ele fique com a porra toda.
E como última solução eu lhe apresento a "Vida Eterna".
E faça o que quiser com a porra toda./ Pelle


"Uma verdade que é dita com má intenção derrota todas as mentiras que possamos inventar". 
                                                                                                       (Willian Blake)


INFORMAÇÕES RETIRADAS DO BLOG GAVETA DE BAGUNÇAS E WIKIPÉDIA.

TEXTO ARRANJADO, EDITADO, TRADUZIDO POR ALVER 1349.