A intenção da criação deste blog se fez perante a necessidade de uma discussão séria sobre um dos gêneros mais polêmicos de todos os tempos dentro do metal, o black metal.
Este estilo tem particularidades ideológicas, filosóficas e musicais, que o distinguem de outras vertentes do metal.
Além disso, será debatido os vários subgêneros dentro do Black Metal para buscar compreender o porque destes diferentes rótulos, tais como pagan, atmosferic, NSBM, entre outros.
Por fim, serão postados entrevistas, álbuns e vídeos de bandas relacionadas ao estilo, assim como texto de grandes pensadores que influenciaram o Black Metal como um todo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Ateísmo, humanização e estagnação do Black Metal



Este texto, de autoria de Caesarii Vectagni, um grande colaborador do blog, vem nos elucidar sobre a a decadência do Black Metal em relação ao ateísmo intrínseco ao movimento, de como um grande estilo de forte cunho ateísta e filosófico, encontrou sua decadência nas atitudes infanto-juvenis modernas, que levou a seu desmoronamento ideológico e ficando apenas como mais um estilo musical que visa apenas o ganho materialista e se esquecendo de sua verdadeira raiz que outrora o fez grandioso e único dentro do metal. O Black Metal, que nasceu como uma afronta a uma cultura de massa vigente, se opôs a tudo que era comercial e agradável ao gosto popular, hoje em dia, em grande parte, se adaptou e até mesmo aderiu a esta cultura de massa, esquecendo sua ideologia inicial e preocupando-se muito mais com os ganhos financeiros e marqueteiros e se curvando ao interesse de grandes gravadoras, com isso, demonstrou mais uma vez que infelizmente a ideologia fica de lado quando os interesses financeiros entram em voga, como em toda a sociedade que tanto criticavam. Esta é sua crítica, leiam e compreendam...

Nos últimos anos a crescente corrente ateísta e pobre de conhecimento dos conceitos metafísicos no Black Metal tem suplantado todas as possibilidades mais reais de uma genuína compreensão esotérica no movimento. Não é muito difícil analisar que estas correntes subverteram o que poderia ter tomado um rumo mais amplo e sério em termos artísticos e esotéricos, como um verdadeiro manifesto daquilo que, desde os primórdios, o Black Metal pretendeu em suas mais altas esferas ideológicas. Se um dia, por sua vez, o Black Metal exaltou as mais altas possibilidades e pretensões artísticas o mesmo, com o passar do tempo decaiu sob as medíocres tendências juvenis modernas, a forma secularizada de ver a vida, seus objetivos plenamente materialistas e mesquinhos que, sem embargo, deteriorou uma real possibilidade de evolução propriamente dita.

Hoje em dia é algo muito comum você ver na internet imagens debochando e depreciando o Black Metal como um todo.



Mas o que poderia oferecer então, uma posição como o ateísmo a um movimento deste gênero? Senão sua materialização de tudo que além-humano, em uma banalização medonha dos símbolos e em qual âmbito eles estão inseridos na arte? Sua vestimenta secularista, hedonista, ególatra, certamente em nada tem a oferecer ao que poderia ser à base de sustentação a uma musicalidade envolta de uma verdadeira revolta e verdadeiro enojo aos parcos valores das sociedades atuais. O adorno "ocultista" transveste-se então, nas finalidades de um suposto "conhecimento"; Um engrandecimento "científico" é frequente, suplantando o que tem por finalidade a expressão artística plenamente espiritual. 
 
Exemplos de símbolos utilizados no Black Metal.

Dentre as principais características do meio jovem no incluso deste meio, é que existem os ditos adoradores da música de alcunha espiritual obscura, que utilizam de frases e nomes sacrais para alimentarem um suposto movimento ou condição;  entretanto, essas pessoas ocupariam melhor a posição de um movimento hippie "new age" qualquer das sociedades egocêntricas modernas. Não é raro observar que compõem um grupo ateu/agnóstico (posição que, primordialmente é ofensiva ao sacral, ainda mais quando usam das palavras e gestos para exaltá-los, não por respeito à sacralidade dos símbolos, mas sim por mais uma camuflagem da juventude "crítica" diante de seus anseios e desejos de gritar ao mundo).

Com suas pseudo-filosofias e pseudos questionamentos vazios, utilizam do nome "Satan" e derivados para ofenderem ou ilusoriamente se colocarem em oposição a um deus o qual eles  não compreendem; quiçá acreditam. Este fator está intrinsecamente ligado ao banalizado costume dessas classes de jovens de que tudo é questionável; tudo é uma forma de quebrar a ordem vigente, de afrontar a sociedade em que vivem em seus devaneios joviais e, com um orgulho incompreensível de imensurável perda sentido ou direcionamento, rejeitam quais seriam as primordiais bases do movimento.

Uma das maiores contradições (ao meu ver) dentro do Black Metal, um estilo de cunho anti religioso e de frontal ataque as culturas de massa e liberdade de pensamento, é sua mistura por parte de algumas bandas e pessoas inseridas em seu meio com regimes políticos totalitários como o Fascismo e o Nazismo, onde liberdade de pensar e agir era totalmente suprimida pelo Estado, com atitudes violentas e intolerância a tudo que contra a sua ideologia, com ideais de apenas a sua raça ser superior e que as demais raças deveriam ser purificadas (ou melhor, exterminadas), entre outros tipos de preconceitos, e ainda por cima tendo como um de seus maiores líderes um cristão (Adolf Hitler).
O resultado é extremamente cômico que encontram na espiritualidade inversa uma voz para tal ato, mas a verdade que temos é que estas pessoas são, via de regra, ofensivas ao sacral apenas por sua essência limitada e padronizada, sua visão medíocre da vida, sua ilusória busca por liberdade, sua racionalidade exacerbada e deturpada; em suma, abortos de um materialismo divinizado, alimentados pelo famigerado clichê no  metal: "Quebrar dogmas" (mesmo que isso se baseie em outros dogmas). É  o vazio filosófico e espiritual unificado à mediocridade das gerações atuais. 



Não há dúvidas que as principais bandas do início do movimento foram a verdadeira representação do que este movimento deveria ser. E, lamentavelmente, os mesmos que, constantemente banalizados por uma visão artística mais ampla, não são muito raramente tachados negativamente pela grande imprensa ou pelos seus ícones. O Black Metal então se tornou mais uma vertente dos movimentos pop mundo afora e não uma musicalidade plenamente espiritualizada em uma postura irredutivelmente radical perante o mundo e a sociedade petrificada em suas correntes morais e materiais, estendendo-se então a um grande vínculo de comércio e lucro em direção à massa. O próprio “Euronymous” (Øystein Aarseth) que é considerado o criador do moderno Black Metal foi o primeiro a classificar a sua música nesse estilo, relacionando-a a um grande interesse pelo Ocultismo e pelo Satanismo. Sempre rejeitou ativamente as ideias de Anton Szandor LaVey, pois este último parece mais próximo de um ateísmo medíocre do que necessariamente de uma forma concreta de espiritualidade tradicional.


Algumas bandas consideradas da primeira onda do Black Metal.

Euronymous - uma das grandes lendas do Black Metal.

Anton Szandor LaVey, muito odiado e criticado por Euronymous, por considerar sua Igreja a Church of Satan muito "humanista".
"Nós não vemos a misantropia como uma coisa simbólica quando afirmamos que este mundo é nosso inimigo, e neste mundo de inimigos nós apreciamos aqueles poucos que realmente estão do nosso lado e nós os tratamos adequadamente, como aliados. Você conhecerá a si mesmo dependendo de qual categoria você pertence - se você é a favor ou contra o que defendemos”.
 
Jon Nödtveidt.


Outra lenda do Black Metal que não esta mais entre nós, Jon Nödtveidt, suicidou-se com um tiro na cabeça no dia 13 de agosto de 2006. Nödtveidt foi encontrado morto em seu apartamento em Hässelby, rodeado por velas acesas.
"O processo de composição tem para mim uma função espiritual em um nível pessoal uma vez que são hinos para os diferentes poderes e princípios"
 
Jon Nödtveidt.


Símbolos da MLO, conhecida como Misanthropic Luciferian Order,
hoje conhecida como Temple of The Black Light, com os dizeres: "Mal, o Ideal Satânico", "Filosofia do Caos" e "Lúcifer é Satan".
"Quero mostrar as verdadeiras trevas a quem está escutando nossa música, fazendo-os liberarem o potencial caótico que existe no fundo de todos nós: a chama negra. Quero que a pessoa que esteja escutando nossa música liberte o demônio dentro de si, quebrando as correntes cósmicas da ilusão, escravização e estagnação, para assim poder aniquilar a prisão ilusória chamada realidade. O Dissection é minha ferramenta artística para fazer com que isto aconteça."
 
Jon Nödtveidt.
 
Dissection - uma das maiores bandas de todos os tempos no estilo Death/Black Metal melódico.
Emil Nödtveidt, irmão de Jon Nödtveidt, dá sua opinião sobre o suicídio do irmão e afirma: "O satanista decide sobre a sua vida e a sua morte e prefere ir embora com um sorriso em seus lábios quando ele chega no ápice da sua vida, quando ele já conseguiu tudo o que queria, e quer transcender sua existência nessa terra. Mas é completamente não-satânico acabar com a própria vida por estar se sentindo triste ou miserável. O satanista morre forte, não pela idade, doença ou depressão, e ele escolhe a morte antes da desonra! A morte é o orgasmo da vida! Então viva a vida de forma mais intensa possível!"
O movimento que, primeiramente, espiritualizado, essencialmente radicalizado, torna-se secularizado, materializado, descrente e superficial. Nestes termos cai em um poço opaco de egocentrismos artísticos e inércias ideológicas. É necessária toda a fúria e engrandecimento das mais altas filosofias espirituais para que se possa reacender a chama do que poderíamos chamar de um verdadeiro movimento denominado Black Metal. necessário ir mais além da moral ou da ética, necessário absorver toda a liberdade que a arte nos oferece, eis aí o verdadeiro "quebrar dogmas", para além de todos os valores materialista,  inúteis e meramente humanos presentes na música no mundo atual.

Conclusão: O Black Metal atual, sem sombra para dúvidas, é uma mera imagem pálida do que foi em tempos remotos (início da década de 80 e ate perto de meados da década de 90), a grande questão fica por conta do próprio movimento, que se sustentou em combater tudo que era agradável, comercial, religioso e de fácil aceitação pelo gosto popular e, que de repente, sofreu uma reviravolta em seus conceitos, e tudo que era para ser combatido, passou a ser absorvido pelo Black Metal, hoje o Black Metal esta cheio de modismos, egocentrismos e a cada dia que passa mais musicalmente agradável e mais e mais comercial, tudo tornou-se ao avesso, ideologia de lado, tudo que era verossímil passou a ser falso.

Isso se deve ao fato de que o ser humano, independente do meio que esta inserido, se corrompe mediante ao dinheiro, deixando de lado crenças, ideologias e conceitos.
Musicalmente o Black Metal ainda possui boas bandas, mas o sentimento verdadeiro esta morto, restando apenas migalhas de um passado recente que atualmente esta isolado em pequenos focos graças à pessoas que ainda carregam aquele sentimento de caos em seus corações, que anda adormecido, esperando o dia certo para ser acordado. Como diria um integrante da horda carioca Mysteriis: "O Black Metal num futuro próximo será o hino das nações, e com ele vira todo o desespero cristão". Que voltem os templos de glória.

Texto Escrito por CAESARII VECTAGNI.


Revisado, ilustrado e comentado por ALVER 1349.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Logo Cultura do Metal Negro




          
          Apresentamos o novo logo do blog Cultura do Metal Negro, que foi uma evolução da antiga bandeira. Gostaria de deixar claro que os traços da bandeira brasileira representam o foco na cena nacional e que não temos orgulho desse país socialmente falando. Uma sociedade onde políticos fazem o que querem e o povo continua os colocando no poder. Além de um estado falsamente laico onde igrejas potencialmente financeiras são isentas de impostos e mantém uma grande influência degradante na sociedade. Aqui ensinam as famílias que um filho diferente está no caminho errado e assim logo na adolescência onde é a fase conturbada da descoberta da identidade (normalmente quando temos o contato com o heavy metal) e que em vez de apoio ganhamos é desconfiança e discriminação nos levando desde cedo a trilhar sozinhos nossos caminhos despertando a chama do caos. Mas acabamos usando isso como combustível e ver que conseguimos vencer várias barreiras sozinhos onde muitos ficaram pelo caminho é revigorante.


          Aprendemos a agir como o fogo, destruindo e construindo novos valores e que nunca devemos abandonar nossas raízes que é a natureza deixada de lado por questões tecnológicas, políticas e até religiosa visto que o cristianismo estimula o abandono do comportamento primitivo e natural como fazem com o sexo e a morte por exemplo. A bandeira também traz consigo a lua de The Return do Bathory e o clássico bode do Black Metal do Venom resgatando a imagem de dois dos principais pilares do culto. 


         A cruz invertida lembra as bandeiras dos países Escandinavos  que foram muito importante para o Black Metal principalmente nos anos 90 quando não só reformularam o movimento sonoramente quanto ideologicamente. Claro que não foram só eles, mas tiveram sim bastante importância e fica difícil destacar todos os países em uma única imagem.


          Então nosso símbolo não leva nada de nacionalista e sim demonstra a importância do cenário brasileiro para o Black Metal mundial e nosso foco principal que será ele.


Imagem idealizada por Deserto de Azazel e design por conta de Daniel Hammer.