Este texto, de autoria de Caesarii Vectagni, um grande colaborador do blog, vem nos elucidar sobre a a decadência do Black Metal em relação ao ateísmo intrínseco ao movimento, de como um grande estilo de forte cunho ateísta e filosófico, encontrou sua decadência nas atitudes infanto-juvenis modernas, que levou a seu desmoronamento ideológico e ficando apenas como mais um estilo musical que visa apenas o ganho materialista e se esquecendo de sua verdadeira raiz que outrora o fez grandioso e único dentro do metal. O Black Metal, que nasceu como uma afronta a uma cultura de massa vigente, se opôs a tudo que era comercial e agradável ao gosto popular, hoje em dia, em grande parte, se adaptou e até mesmo aderiu a esta cultura de massa, esquecendo sua ideologia inicial e preocupando-se muito mais com os ganhos financeiros e marqueteiros e se curvando ao interesse de grandes gravadoras, com isso, demonstrou mais uma vez que infelizmente a ideologia fica de lado quando os interesses financeiros entram em voga, como em toda a sociedade que tanto criticavam. Esta é sua crítica, leiam e compreendam...
Nos
últimos anos a crescente corrente ateísta e pobre de conhecimento dos conceitos
metafísicos no Black Metal tem suplantado todas as possibilidades mais reais de
uma genuína compreensão esotérica no movimento. Não é muito difícil analisar
que estas correntes subverteram o que poderia ter tomado um rumo mais amplo e
sério em termos artísticos e esotéricos, como um verdadeiro manifesto daquilo
que, desde os primórdios, o Black Metal pretendeu em suas mais altas esferas
ideológicas. Se um dia, por sua vez, o Black Metal exaltou as mais altas
possibilidades e pretensões artísticas o mesmo, com o passar do tempo decaiu
sob as medíocres tendências juvenis modernas, a forma secularizada de ver a
vida, seus objetivos plenamente materialistas e mesquinhos que, sem embargo,
deteriorou uma real possibilidade de evolução propriamente dita.
Hoje em dia é algo muito comum você ver na internet imagens debochando e depreciando o Black Metal como um todo. |
Mas o que poderia oferecer então, uma posição como o
ateísmo a um movimento deste gênero? Senão sua materialização de tudo que
além-humano, em uma banalização medonha dos símbolos e em qual âmbito eles
estão inseridos na arte? Sua vestimenta secularista, hedonista, ególatra,
certamente em nada tem a oferecer ao que poderia ser à base de sustentação a
uma musicalidade envolta de uma verdadeira revolta e verdadeiro enojo aos
parcos valores das sociedades atuais. O adorno "ocultista" transveste-se então, nas finalidades de um suposto "conhecimento"; Um
engrandecimento "científico" é frequente, suplantando o que tem por
finalidade a expressão artística plenamente espiritual.
Dentre as principais características do meio jovem no
incluso deste meio, é que existem os ditos adoradores da música de alcunha espiritual
obscura, que utilizam de frases e nomes sacrais para alimentarem um suposto
movimento ou condição; entretanto, essas
pessoas ocupariam melhor a posição de um movimento hippie "new age"
qualquer das sociedades egocêntricas modernas. Não é raro observar que compõem
um grupo ateu/agnóstico (posição que, primordialmente é ofensiva ao sacral,
ainda mais quando usam das palavras e gestos para exaltá-los, não por respeito
à sacralidade dos símbolos, mas sim por mais uma camuflagem da juventude
"crítica" diante de seus anseios e desejos de gritar ao mundo).
Com
suas pseudo-filosofias e pseudos questionamentos vazios, utilizam do nome
"Satan" e derivados para ofenderem ou ilusoriamente se colocarem em
oposição a um deus o qual eles não
compreendem; quiçá acreditam. Este fator está intrinsecamente ligado ao
banalizado costume dessas classes de jovens de que tudo é questionável; tudo é
uma forma de quebrar a ordem vigente, de afrontar a sociedade em que vivem em
seus devaneios joviais e, com um orgulho incompreensível de imensurável perda
sentido ou direcionamento, rejeitam quais seriam as primordiais bases do
movimento.
O
resultado é extremamente cômico que encontram na espiritualidade inversa uma voz
para tal ato, mas a verdade que temos é que estas pessoas são, via de regra,
ofensivas ao sacral apenas por sua essência limitada e padronizada, sua visão
medíocre da vida, sua ilusória busca por liberdade, sua racionalidade
exacerbada e deturpada; em suma, abortos de um materialismo divinizado,
alimentados pelo famigerado clichê no
metal: "Quebrar dogmas" (mesmo que isso se baseie em outros
dogmas). É o vazio filosófico e
espiritual unificado à mediocridade das gerações atuais.
Não
há dúvidas que as principais bandas do início do movimento foram a verdadeira
representação do que este movimento deveria ser. E, lamentavelmente, os mesmos
que, constantemente banalizados por uma visão artística mais ampla, não são
muito raramente tachados negativamente pela grande imprensa ou pelos seus
ícones. O Black Metal então se tornou mais uma vertente dos movimentos pop
mundo afora e não uma musicalidade plenamente espiritualizada em uma postura
irredutivelmente radical perante o mundo e a sociedade petrificada em suas
correntes morais e materiais, estendendo-se então a um grande vínculo de
comércio e lucro em direção à massa. O próprio “Euronymous” (Øystein Aarseth)
que é considerado o criador do moderno Black Metal foi o primeiro a classificar
a sua música nesse estilo, relacionando-a a um grande interesse pelo Ocultismo
e pelo Satanismo. Sempre rejeitou ativamente as ideias de Anton Szandor LaVey,
pois este último parece mais próximo de um ateísmo medíocre do que necessariamente
de uma forma concreta de espiritualidade tradicional.
Algumas bandas consideradas da primeira onda do Black Metal. |
Euronymous - uma das grandes lendas do Black Metal. |
Anton Szandor LaVey, muito odiado e criticado por Euronymous, por considerar sua Igreja a Church of Satan muito "humanista". |
"Nós
não vemos a misantropia como uma coisa simbólica quando afirmamos que este
mundo é nosso inimigo, e neste mundo de inimigos nós apreciamos aqueles poucos
que realmente estão do nosso lado e nós os tratamos adequadamente, como
aliados. Você conhecerá a si mesmo dependendo de qual categoria você pertence -
se você é a favor ou contra o que defendemos”.
Jon Nödtveidt.
"O
processo de composição tem para mim uma função espiritual em um nível pessoal
uma vez que são hinos para os diferentes poderes e princípios"
Jon Nödtveidt.
Símbolos da MLO, conhecida como Misanthropic Luciferian Order, hoje conhecida como Temple of The Black Light, com os dizeres: "Mal, o Ideal Satânico", "Filosofia do Caos" e "Lúcifer é Satan". |
"Quero mostrar as verdadeiras trevas a quem está
escutando nossa música, fazendo-os liberarem o potencial caótico que existe no
fundo de todos nós: a chama negra. Quero que a pessoa que esteja escutando
nossa música liberte o demônio dentro de si, quebrando as correntes cósmicas da
ilusão, escravização e estagnação, para assim poder aniquilar a prisão ilusória
chamada realidade. O Dissection é minha ferramenta artística para fazer com que
isto aconteça."
Jon Nödtveidt.
O
movimento que, primeiramente, espiritualizado, essencialmente radicalizado,
torna-se secularizado, materializado, descrente e superficial. Nestes termos
cai em um poço opaco de egocentrismos artísticos e inércias ideológicas. É
necessária toda a fúria e engrandecimento das mais altas filosofias espirituais
para que se possa reacender a chama do que poderíamos chamar de um verdadeiro
movimento denominado Black Metal. necessário ir mais além da moral ou da ética,
necessário absorver toda a liberdade que a arte nos oferece, eis aí o
verdadeiro "quebrar dogmas", para além de todos os valores
materialista, inúteis e meramente
humanos presentes na música no mundo atual.
Conclusão: O Black Metal atual, sem sombra para dúvidas, é uma mera imagem pálida do que foi em tempos remotos (início da década de 80 e ate perto de meados da década de 90), a grande questão fica por conta do próprio movimento, que se sustentou em combater tudo que era agradável, comercial, religioso e de fácil aceitação pelo gosto popular e, que de repente, sofreu uma reviravolta em seus conceitos, e tudo que era para ser combatido, passou a ser absorvido pelo Black Metal, hoje o Black Metal esta cheio de modismos, egocentrismos e a cada dia que passa mais musicalmente agradável e mais e mais comercial, tudo tornou-se ao avesso, ideologia de lado, tudo que era verossímil passou a ser falso.
Isso se deve ao fato de que o ser humano, independente do meio que esta inserido, se corrompe mediante ao dinheiro, deixando de lado crenças, ideologias e conceitos.
Conclusão: O Black Metal atual, sem sombra para dúvidas, é uma mera imagem pálida do que foi em tempos remotos (início da década de 80 e ate perto de meados da década de 90), a grande questão fica por conta do próprio movimento, que se sustentou em combater tudo que era agradável, comercial, religioso e de fácil aceitação pelo gosto popular e, que de repente, sofreu uma reviravolta em seus conceitos, e tudo que era para ser combatido, passou a ser absorvido pelo Black Metal, hoje o Black Metal esta cheio de modismos, egocentrismos e a cada dia que passa mais musicalmente agradável e mais e mais comercial, tudo tornou-se ao avesso, ideologia de lado, tudo que era verossímil passou a ser falso.
Isso se deve ao fato de que o ser humano, independente do meio que esta inserido, se corrompe mediante ao dinheiro, deixando de lado crenças, ideologias e conceitos.
Musicalmente o Black Metal ainda possui boas bandas, mas o sentimento verdadeiro esta morto, restando apenas migalhas de um passado recente que atualmente esta isolado em pequenos focos graças à pessoas que ainda carregam aquele sentimento de caos em seus corações, que anda adormecido, esperando o dia certo para ser acordado. Como diria um integrante da horda carioca Mysteriis: "O Black Metal num futuro próximo será o hino das nações, e com ele vira todo o desespero cristão". Que voltem os templos de glória.
Texto Escrito por CAESARII VECTAGNI.
Revisado, ilustrado e comentado por ALVER 1349.
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