A intenção da criação deste blog se fez perante a necessidade de uma discussão séria sobre um dos gêneros mais polêmicos de todos os tempos dentro do metal, o black metal.
Este estilo tem particularidades ideológicas, filosóficas e musicais, que o distinguem de outras vertentes do metal.
Além disso, será debatido os vários subgêneros dentro do Black Metal para buscar compreender o porque destes diferentes rótulos, tais como pagan, atmosferic, NSBM, entre outros.
Por fim, serão postados entrevistas, álbuns e vídeos de bandas relacionadas ao estilo, assim como texto de grandes pensadores que influenciaram o Black Metal como um todo.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Ocultan - Nexion Chaos












            Lançado em outubro de 2015, Nexion Chaos chega entre os melhores dos últimos anos em escala mundial. Se acha que estou movido por empolgação ou qualquer outra coisa, basta escutar o álbum e verá com os próprios olhos. Após um período de uma leve mudança no estilo musical, adicionando doses de death metal ainda no álbum Profanation, chegando em Regnum Infernalis com um legítimo black/death com influências do antigo Sarcófago e companhia, o Ocultan veio retornando as raízes em Atombe Unkuluntu, não só musicalmente como também nas letras em português de algumas músicas.

Característica que para mim nunca teria mudado visto que a banda foi uma das pioneiras em praticar Black Metal 100% linguagem nacional e que cai muito bem a sua sonoridade junto a temática, já que a quimbanda é um culto nacional de satanismo e mesmo que suas raízes estejam na África e tenha também outras influências, foi aqui que ela se manifestou. Mas isso só diz respeito a banda e por isso respeito suas escolhas mesmo não concordando.





Lady of Blood, Count Imperium, Kazoth Bey, Mallus


           




            Em Shadows from Beyond já ficou mais claro a volta as raízes pela timbragem mais suja , abafada e de rifes estridentes. Em Nexion Chaos foi uma grande evolução desse processo. Assim como no anterior Count Imperium está nos vocais, mas a bateria ficou por conta de Malus. Kazoth Bey no baixo e como de costume Lady of Blood nas guitarras mostrando grandíssima evolução. O álbum traz na capa uma belíssima arte de Exu Asa Negra feita por Allan Luiz Rodrigues. Lançado pela própria gravadora da banda Pazuzu Records em parceria com Nyarlathotepe records e Ihells Productions.




Arte feita por Allan Luiz Rodrigues
Exu Asa Negra




















            O Ocultan é uma banda que atingiu um nível de originalidade como poucos no mundo. A começar pela inovação da temática até antes nunca trabalhada por outra banda. Sem contar a personalidade que tiveram ao enfrentar muitas críticas por tratarem da Quimbanda. Não sei bem o motivo por trás de cada crítica, se era preconceito por ser um culto com raízes africanas, se era por certas características exóticas do culto ou por ele ser demasiado “simples” com alguns nomes e palavras relacionadas nada “espetaculares” aos olhos daqueles que estavam acostumados a cultuar ou conhecer entidades e práticas satânicas tradicionais de outros continentes. De qualquer forma eram críticas infundadas que só começaram a desaparecer depois que o então respeitado e reconhecido mundialmente Jon Nödtveidt, líder do Dissection demonstrou grande interesse a quimbanda. Daí em diante parece que o complexo de vira-lata brasileiro começou a acabar.

            Mas sobre a originalidade, ela também é encontrada na sonoridade da banda. São rifes estridentes que despertam um grande sentimento de ódio e o clima da música é bem carregado e caótico, capaz de mudar drasticamente a atmosfera do local onde estiver sendo tocado. O clima é sempre de morte e muitas vezes a sensação é de estar em um cemitério cercado por catacumbas que se perdem no horizonte.







Para adquirir materiais originais da banda acesse:


            




     O álbum inicia energicamente com Exu Lord of Fire nos remetendo aos antigos clássico com uma pitada da fase Profanation adiante. Uma das poucas músicas que levam bastante metranca, diminuíram bem a dose de blast-beat mas sem comprometer a qualidade. A característica principal do álbum foi o nível técnico de entrosamento da banda que brinca com variações de andamento a todo momento, nunca visto com tanta maestria nos outros álbuns da banda. E são variações certeiras que conseguem complementar sentimentos de ódio independente do andamento, é um trabalho extremamente dinâmico dentro de suas características. O encarte traz a imagem de Exu Pinga Fogo junto a letra.

            Reino da Morte inicia com uma levada cadenciada cativante com um rife bem desolador, boas alternadas de vocais entre o rasgado e o gutural, em partes atuando juntos dando um clima bem destrutivo e assombroso. Sempre achei que essas passagens cadenciadas caiam muito bem a sonoridade da banda e que mereciam um maior aproveitamento, fantástico! De repente a música ganha a brutalidade mais característica do Ocultan e retorna com toda vontade naquela cadencia inicial. Que energia desgraçada! As variações são constantes e muito bem praticadas despertando a chama do caos ao ouvinte, não aconselhado aqueles que não tem o controle de si pois o sentimento é muito forte e pode te levar a comportamentos autodestrutivos,o Black Metal em geral é assim, mas algumas bandas conseguem atingir um nível de energia negativa muito alto...a exemplo o album Transilvania Hunger do Darkthrone. Reino da Morte está entre as melhores, não só da história da banda como do Black Metal mundial. Bate de frente com qualquer clássico europeu.

            The Essence of the Opposer é uma ode a libertação do mundo material e limitado, um mundo governado pela dor, angústia e submissão ao criador. E o verdadeiro conhecimento e liberdade estão além dessa camada material e superficial. Este é o entendimento transmitido pela letra. Ela se inicia com rifes ríspidos e brutos que parecem dilacerar parte do cosmos. Algumas cavalgadas e belas variações de bateria. Outra música que te remete aos antigos clássicos de Lembranças do Mal e companhia, só que com sonoridade mais complexas em relações aos primeiros trabalhos que mesmo mais simples possuem qualidade inquestionável. A música é marcada por uma passagem simplesmente magnífica onde são cantados os versos “We are the supporters of spiritual liberation” em vocais alternados.

            Mother of Chaos é uma música dedicada a Tiamat. Inicia com rifes um pouco diferentes dos tradicionais mas logo se acelera lembrando características de Atombe Unkuluntu e Shadows from Beyond. Algumas passagens lembrando Watain e isso se encontra em outras músicas do álbum assim como alguns toques do Dissection. Não sei se foi influência da banda mais tem uma parte que lembra muito o velho e bom Carcass.

            Tehom vem na linha inspiradora dos antigos clássicos e melhor ainda vociferado no português: 
“ Ao atravessar os portais de Tehom 
  As luzes das estrelas se apagam
  A vida chega ao fim
  O destino passa a ser traçado
  Pelas sombras da morte ...”.

Após um rápido solo a música entra numa cadência que evolui para um rife desgraçadamente foda versando:
“ Portadores da marca da serpente 
  Vagam eternamente
  Ceifando almas
  Encaminhando-as ao Gehinnom 
  Aonde são senteciadas
  Pelos mestres da sabedoria gnóstica...”

É por músicas como essa e Reino da Morte que não entendo porque não fazer novamente um álbum todo no português, mas esse é só um desejo de um apreciador e a banda merece ter suas escolhas respeitadas. Essa é uma daquelas que será lembrada como grande clássico do Black Metal nacional daqui alguns anos e que tenho a honra de poder estar ouvindo ainda fresca e fétida em seu nascimento.

            E por falar na diminuição de metranca no álbum cá se inicia numa porradaria a faixa Perdition que ficou muito boa. Todos estamos condenados a retornar ao caos primordial, nossa origem. Uma perdição para aqueles que crêem num falso paraíso após a morte. A faixa me lembra mais o estilo dos últimos álbuns. Uma característica do álbum são alguns rasgados mais doentios que lembram os do antigo vocalista Males Maleficarum no álbum The Coffin. Apesar da minha preferência ser pelos vocais dos clássicos mais antigos por terem aspectos mais doentios e desesperados, os vocais do novo álbum estão muito bons e enriqueceram muito com variações entre o rasgado, meio tom e gutural em todas as músicas, muitas vezes todos juntos gerando uma atmosfera avassaladora.

            Em Dissolução do Universo é impossível não lembrar de Dissection e Watain numa cadencia arrastada digna de um clássico. Enquanto a guitarra vai destilando notas sozinha o baixo faz uma base quebrada e cavalgada muito crua e bruta. É um canção diferenciada e inovadora para os padrões da banda e fecha o trabalho em grande estilo.

“ O ódio é alimentado por sua própria criação 
  O cheiro da morte está entre os homens
  A dissolução do universo é inevitável
  As pragas espalham doenças e maldição
  A morte acaba com a vida
  É o fim...”

            A música narra o inevitável, não estaremos aqui pra ver mas o universo terá seu fim quer você queira ou não. A própria ciência afirma o fim do cosmos com várias teorias diferentes. É uma questão básica do satanismo que se aplica a vida e muitos não entendem, a força destrutiva é superior a ordem.
            O Caos prevalece, sempre!
           


Deserto de Azazel






  





                                                                       




Reindo da Morte:







Tehom:







Dissolução do Universo:



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